26.4.09

Desisto

Desisti. Joguei a toalha. Não vou mais tentar agradar os religiosos de plantão. Essa tarefa se mostra impossível. Esse é um tipo de gente que nunca está satisfeita. Quero dizer, nunca está satisfeita com a vida alheia, porque esse pessoal não consegue enxergar falha alguma em si mesmo, somente nos outros.

Os fariseus da atualidade, e essa raça de víboras (palavras de Jesus) ainda existe, têm as mesmas práticas e a mesma postura que os contemporâneos de Jesus. Amam o ambiente religioso, os ritos, a pompa e a circunstância. Lêem a bíblia como um código penal religioso e ainda criam outras regras para impor aos outros. Quando alguém discorda ou age de outro modo, ficam indignados, rasgam suas vestes (fizeram isso quando condenaram Jesus), querem logo condenar o blasfemo, o herege, pois ele é uma ameaça ao poder religioso deles.

Se o sujeito tem um estilo de vida asceta, é rotulado de santarrão, beato, quer ser mais santo que os outros, é arrogante. Se procura ser mais leve, é tachado de libertino, liberal, um perigo para a moral cristã. O religioso profissional, o fariseu dos dias modernos, só não consegue olhar para si mesmo.

João Batista foi homem de vida asceta, simples, não andava em festas, nem jantares, nem bebia vinho, vivia apenas para pregar o arrependimento. Pois os fariseus diziam que ele tinha demônio. Depois veio Jesus, que andava em festas, jantava na casa de pecadores, bebia vinho. Então os fariseus o chamavam de glutão, beberrão e amigo de pecadores. Eles nunca estavam satisfeitos. O estilo de nenhum dos dois os agradava.

Penso que se Jesus voltasse nos dias atuais, da mesma maneira que veio há dois mil anos, bebendo vinho, freqüentando festas, sendo amigo de pessoas de reputação duvidosa, muitos religiosos diriam que ele é um péssimo exemplo para a igreja, um glutão, festeiro e beberrão. Acho que ele não seria aceito na maioria das igrejas, mesmo sendo o Cristo, que deu a vida pela Igreja.

Para esse tipo de gente, míopes espirituais, o que importa são algumas regrinhas sobre aparência, ritual ou comportamento. Se por fora está tudo de acordo com o jeitão religioso, tudo bem, pouco importa se por dentro há ódio, morte e destruição. Bem ao estilo “sepulcro caiado”, mencionado nos evangelhos. A essência da mensagem pregada por Jesus, amor a Deus e ao próximo, não é nem lembrada por eles, que querem mesmo é condenar o mundo. Na boca deles o evangelho vira uma mensagem de vingança, condenação e exclusão, quando na verdade são boas novas de libertação e alívio, graça e misericórdia, justiça, paz e acolhimento, vida abundante e esperança de vida eterna.

Por isso tudo, não vou mais tentar agradar esses religiosos fariseus vorazes pela vida alheia. Não quero enlouquecer, tampouco quero me tornar escravo das neuroses de gente que não consegue entender e desfrutar a admirável graça de Cristo. Desisto.

Só não desisto de conhecer e prosseguir em conhecer a Deus, cujo amor é imensurável, de andar com Cristo, que me chamou para ser seu amigo e assim capturou meu coração, e de viver na plenitude do Espírito Santo, meu ajudador e consolador.

Márcio Rosa da Silva, no blog Inquietações de um aprendiz.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Não precisa dizer mais nada. Esse texto já me basta. Também já cheguei a pensar que em muitas igrejas, se Cristo "aparecesse" de repente de chinelos e um simples manto, é bem capaz de olharem feio e o expulsarem do recinto. Aff!

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