5.7.09

Mistério revelado

“Já tentei muitas coisas
De heroína a Jesus
Tudo que já fiz
Foi por vaidade”

L´Âge D´or, Renato Russo

Nos últimos dias resolvi revisitar a discografia da Legião Urbana. Passaram-se vários anos que não parava para escutar as músicas da banda. Durante muito tempo afastei-me deles justamente por ter passado quase toda a minha adolescência ouvindo ou cantando junto com meus amigos nas várias rodas de violão que se formavam no colégio. Cantávamos as canções da banda como hinos religiosos juvenis.

Lembro que no dia da morte de Renato Russo, coincidentemente, um grande amigo meu tirou a própria vida saltando do 10º andar do prédio em que morava. Eu acabara de ter sido encontrado por Cristo. Não tinha nem um mês de fé e já tinha diante de mim uma grande exclamação. Um grito de desespero: por motivo emocional este meu amigo jogava sua vida pela janela que ficava de frente para o mar. Tudo isto com menos de 18 anos de idade.

Ouvindo a discografia da banda descobri que, não sei porque motivo, meu disco predileto deles é justamente o mais soturno. É o famoso quinto disco, simplesmente chamado de 5. Ele tem temas mais sombrios, fortes e profundos. Dizem que é assim por Renato já ter os sinais da Aids em seu corpo e sua alma. Como que já percebendo os primeiros sinais da morte eminente.

Neste disco existe uma música chamada “L’Âge D’Or” que tem entre seus versos, os versos que começam este primeiro post. Ouvindo na semana passada pude parar, pela primeira vez, e perceber estes versos como um coral cantado por nossa geração. Juntar na mesma frase heroína e Jesus, acaba sendo tão surreal quanto um filme de Luis Buñuel. Inclusive o nome da música é de um filme dele completamente louco em seu surrealismo.

Ouvindo esta música, parei para pensar na brevidade da existência humana e seu caminho à cada segundo para a morte. E neste sentido, pensei em como Renato escreveu estes versos. Doente, marcas no corpo, sentindo os primeiros sintomas claros de que sua vida não duraria muito…

Não há como esquecer das palavras do Pregador de Eclesiastes e a vaidade do homem em correr atrás do vento. Tudo é vaidade… Vaidade que o próprio Renato completa nos versos. Uma mente brilhante, cheia de excessos e transgressões. Que calou-se cedo, muito cedo.

Renato termina esta música com os seguintes versos:

“Não é belo todo
E qualquer mistério
O maior segredo
É não haver mistério algum”

E de imediato lembrei do apóstolo Paulo:

“o mistério
que estivera oculto
dos séculos e das gerações; agora, todavia,
se manifestou aos seus santos”
Colossenses 1.26

O maior presente é ter sido encontrado, apesar de não ter condições para isso, ao mistério revelado para todo o Universo: Cristo Jesus Nosso Senhor!

Sandro Wagner

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