9.12.06

Sociedade anônima (6)

“Aquele que luta contra nós fortalece nossos nervos e aprimora nossas qualidades.
Nosso antagonista trabalha por nós.”
Edmund Burke

“Por que você não olha p/ o espelho e se suicida?”, me recomendou alguém outro dia em um comentário que não publiquei porque nada tinha que ver c/ o assunto em questão. “Você é fútil e só sabe usar o ctrl c + ctrl v”, disse outro(a) comentarista arguto(a) (sem rimas e trocadilhos, por favor).
Para esses(as) franco-atiradores, não importa o assunto abordado no tópico. Crentes até a medula em certas idéias isoladas de Maquiavel, o que vale é a sensação de alívio após desferir o tiro.
O caráter aparentemente transgressor do ato parece catapultar a estratégia um tanto covarde ao pódio dos feitos intimoratos; a adrenalina de correr riscos de o locatário do espaço revidar o ataque e, assim, notar sua existência, deixa a aventura ainda mais excitante. “E se, num momento de descuido, ele publicar as verdades que escrevi?”, raciocinam.

O anonimato tem mão dupla. Ao mesmo tempo que preserva a pessoa de ser alvo de contra-ataque, também não permite receber medalhas no peito. A máxima referência conquistada são essas palavras batucadas despretensiosamente, numa espécie de “monumento ao franco-atirador desconhecido”.
É provável que alguns deles leiam e releiam estas linhas, da mesma forma que alguns tentam acompanhar minha existência pelos recados deixados no Orkut. A essa altura da vida virei novela! rsrs

Da mesma forma que acontece tanto nas tramas folhetinescas como nos grandes romances, a verve do autor fala mais de si mesmo do que do assunto pretensamente abordado. Ao assestarem suas armas e regurgitarem impropérios, as palavras revelam medos, mágoas e outros sentimentos que geralmente permanecem trancafiados nos recônditos da alma.

Seleciono com vagar as palavras para não transmitir a idéia falsa de que ajambro essa reflexão para revidar ataques. Vingança e outras atitudes aparentemente “fortes” são apenas um tapume que esconde a debilidade, ensina-nos o psiquiatra Paul Tournier.
Da mesquinhez e da necessidade de vencer até embates contra o sobrinho no videogame, quero distância. Divertir-se é preciso! A matemática do Reino foge às regras comumente adotadas. Quem perde torna-se ganhador. O caminho da humilhação conduz ao reconhecimento.

Sou testemunha de quão bem esses princípios funcionam. Abrir mão de “ter razão” num conflito deixa o caminho livre para recompensas mais duradouras do que vencer a discussão. “Perde-se” a briga, mas a paz preenche o espaço que antes era ocupado por conquistas muitas vezes obtidas às custas de incontáveis feridas nos que ousaram se interpor no nosso caminho.

Um comentário:

Anônimo disse...

“Por que você não olha p/ o espelho e se suicida?”, me recomendou alguém outro dia em um comentário que não publiquei porque nada tinha que ver c/ o assunto em questão. “Você é fútil e só sabe usar o ctrl c + ctrl v”, disse outro(a) comentarista arguto(a) (sem rimas e trocadilhos, por favor).

Mano querido, por favor não se mate por causa dessa "sugestão"! rsrs. Ninguém merece perder a graça da Salvação por tão pouco.
Fico imaginando o que se passa na cabeça de alguém que sugere tal coisa? Qual a intensidade de seu ódio? Vale a pena "odiar" por causa de um post em um blog?

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