30.6.08

O viral do melona

"Uma experiência memorável determina, invariavelmente, a disseminação" (Maxine Clark).

Desde 1998, o coreano Choong Yeull Lee, que vive no Brasil há mais de 30, importava o Melona. E nada, além de vendas simbólicas nas poucas lojas de produtos coreanos. Lançado em 1991 na Coréia do Sul, o Melona teve uma rápida aceitação e hoje vende, naquele país, uma média de 2 milhões de unidades/ano.

Em 2007, Henrique Lee, irmão mais novo de Choong, fundou a M-Cross para distribuir e disseminar o Melona. Foram suficientes dez novos pontos no bairro da Liberdade em São Paulo, "first adopters" experimentando o produto e passeando com o picolé verde pela feirinha de domingo que se realiza no bairro, e o "viral" começou.

Depois reportagem nos jornais da cidade, distribuição da notícia pela Agência Estado, matéria em Amaury Júnior, e infinitas manifestações na internet e que não param mais, do tipo, "Olá! Adorei sua indicação fui lá no Banri – Café e Restaurante, um lugar bem aconchegante na Liberdade, e a sensação do bairro é este sorvete de Melão, que maravilha. Meus pais, que não são fãs de sorvete, experimentaram um pouco e não resistiram à tentação e compramos um monte para levar para casa", ou "Que delícia! Assim foi minha exclamação quando dei a primeira provada no sorvete de melona.

Foi na festa do Tanabata e eu estava em São Paulo, me recuperando de uma cirurgia; quando minha irmã me convidou para ir à Liberdade. Foi lá que me enamorei com essa maravilhosa guloseima e alimento de sabor extraordinário que me conquistou, tanto no visual, quanto no estilo e sem falar no paladar que foi uma coisa maravilhosa, leve e saboroso...".

Durante anos as vendas do Melona no Brasil permaneceram estacionadas em 80 mil unidades/ano. A partir de 2007, do "viral", e providências complementares, 480 mil unidades naquele ano, e só no primeiro trimestre de 2008, 320 mil unidades só não batendo nas 400 mil pela greve da Receita Federal que reteve um container com 80 mil picolés.

Muitas e muitas lições sobre o picolé do Hulk, e que também é encontrado nos sabores morango e banana – mas sucesso mesmo é o de melão. Mas duas principais. Definitivamente não existe mais barreira para absolutamente nada, inclusive importar e vender sorvetes. Tudo bem que um Häagen-Dazs também é importado, mas pertence a uma empresa global de alimentos com todas as possibilidades de logística e armazenamento. Já o Melona prova que também isso é possível mesmo com uma operação pequena e inicial.

E a segunda, que o chamado "viral" de hoje, e que sempre existiu com a denominação "boca a boca", na maioria das vezes inicia-se com um fato real, estrategicamente posicionado, e que naturalmente acaba desembocando e repercutindo na internet.

Exatamente o que aconteceu com o Melona, a partir do momento que passou a ser vendido na feirinha da Liberdade, aos domingos, despertando a curiosidade de pessoas em momento de total descontração, felizes, com vontade de comprar e consumir, e intrigando-se com aqueles malucos com picolés quadrados e verdes em suas mãos...

Francisco A. Madia, no Propaganda & Marketing.

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