Tenho medo de assumir riscos e desafios. Vejo oportunidades, mas tenho receio de ir atrás delas. Quando meu chefe me pede para fazer algo novo, fico com a imediata sensação de que não estou à altura e entro em pânico. Isso tem cura? – P. R. G.
Ter medo é normal e natural. Se o ser humano fosse totalmente desprovido de qualquer medo, a espécie já teria sido extinta. O medo é uma emoção desencadeada por algum sinal externo de perigo, como um barulho estranho. Imediatamente, uma série de reações químicas coloca o corpo em estado de alerta, e as opções são duas: atacar ou fugir (sendo que ficar paralisado é uma forma de fuga). Até aí, somos todos iguais. Já o medo não-racional é aquele que dispara essas mesmas reações – mas sem um estímulo externo compreensível e justificável. São os casos, por exemplo, da “xantofobia”, o medo da cor amarela, e da “ergofobia”, o medo de trabalhar. Os medos não-racionais desaparecem quando aprendemos a enfrentá-los e superá-los. Isso pode ser alcançado por esforço próprio, ou com a ajuda da psicoterapia nos casos mais agudos. Se você já tentou e não conseguiu, sugiro que procure um psicólogo, porque medo não curado só gera mais medo.
Sou gerente de vendas e, às vezes, preciso demitir um vendedor por mau desempenho. Até hoje, nunca aprendi a fazer isso de modo racional, sem me emocionar. Existe uma técnica? – Paulo
Sim, a técnica do gato que subiu no telhado. Você deve chamar o vendedor e dizer que ele não está cumprindo as metas. Deixe claro que você entende todos os problemas pessoais ou profissionais que ele possa ter, mas que você é pago para garantir o faturamento. Enfatize que o desempenho dele pode levar a uma possível demissão. E combine com ele metas numéricas atingíveis para os próximos 30 dias. Aí, quando você chamá-lo para a conversa definitiva, ele já estará mais que preparado para a notícia. E não há mal nenhum em você se emocionar, porque mostrará que por trás de seu cargo há um ser humano que foi obrigado, pela natureza da função, a tomar uma medida drástica.
Fui convocado para o serviço militar. Se eu vier a servir neste ano atrapalhará minha carreira? – Lopes
Atualmente, pelo que sei, prestar serviço militar depende mais da vontade do jovem, porque os convocados são em número muito maior que as vagas. Logo, a escolha provavelmente será sua. Pensando no curto prazo, você deslancharia mais em sua carreira sendo estagiário que recruta. Porém, se experiência pessoal conta, foi servindo que eu absorvi dois conceitos vitais para minha vida profissional: disciplina e hierarquia. Não perdi nem a rebeldia nem a ironia, mas aprendi a usá-las na hora certa e na dose certa. Em retrospecto, o ano que passei no Exército foi mais útil para minha carreira do que a pós-graduação.
Detesto rotina! Odeio! – Ariel
Vamos supor, Ariel, que você esteja interessado em uma área tida como muito criativa – marketing. Converse com qualquer gerente de produto e ele lhe dirá que a função dele é 80% rotineira. Levantar números, preparar planilhas, avaliar pesquisas, controlar o orçamento, e por aí vai. A parte criativa responde por 20% do tempo. Só que, se não executar bem os 80% que causam mais sono que satisfação, um gerente de produto vai empacar na carreira. Isso vale para praticamente todas as áreas. Os 80% são o preço que temos de pagar para usufruir os 20%. Sendo que na maioria das chamadas “funções iniciais”, como auxiliares e assistentes, começamos pagando 100%.
Max Gehringer, na revista Época.
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18.8.08
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