Trabalho num setor cujo gerente ocupa o cargo há 18 anos. Ele é cordato, jamais levanta a voz e nunca se envolveu em polêmicas. Essas características lhe garantem o emprego, mas não o respeito dos outros gerentes e dos superiores – na verdade, ele é motivo de piadas constantes. Isso se reflete diretamente em nossa equipe. Somos mal pagos e mal reconhecidos. Como convencer nosso gerente a mudar de atitude? – D.O.
Entendo sua preocupação, mas por que seu gerente mudaria de atitude? Sendo como é, ele certamente não ambiciona ser diretor. O grande objetivo dele é continuar onde está. Portanto, a omissão na defesa dos subordinados não é apenas um traço de personalidade, é também uma estratégia de sobrevivência. Já convivi com vários profissionais assim e não conheço um só que, de repente, tenha decidido bater no peito e sair atirando. Minha sugestão é que vocês considerem mudar para outro setor ou para outra empresa, porque nenhum argumento será forte o suficiente para fazer seu gerente arriscar o cargo e o emprego.
Tenho 22 anos e me formei em Engenharia Química. Estou procurando emprego há oito meses, e não encontro. Já tentei de tudo e estou sem rumo. O que você me sugere? – Laísa
O que você certamente não esperaria que eu sugerisse. Comece um curso de Técnico de Laboratório. O principal motivo que dificulta o acesso de recém-formados ao mercado é o excesso de graduandos sem experiência prática, o que parece ser seu caso. Mas há escassez de técnicos no mercado. Logo, seria mais fácil você entrar numa empresa como estagiária, já a partir do 1o ano técnico, e depois ir conseguindo oportunidades internas de ascensão. O que a maioria dos jovens em sua situação faz é o contrário: eles partem para uma pós-graduação, um mestrado, uma viagem de intercâmbio no exterior. Tudo isso será muito útil no futuro, mas o curso técnico ajuda mais no presente.
Estou na mesma empresa há 11 anos. Uma das melhores características dela era o ambiente de trabalho, informal e divertido. De uns anos para cá, a administração mudou. Agora só se fala em bater metas cada vez mais mirabolantes. Não há mais elogios nem sorrisos. Só cobrança, o tempo todo. O que aconteceu com a valorização do ser humano? – Paulo G.
Esse é um modelo de gestão muito em moda. Ele põe o acionista acima de todas as coisas. A valorização do ser humano se dá quase exclusivamente pelo dinheiro (principalmente bônus por resultados). Vistas de fora, essas empresas são admiradas e citadas como exemplo. A pressão de fato é enorme, e quem passa por uma delas sempre sai achando que qualquer emprego será suportável e qualquer trabalho será fácil.
Minha empresa adotou um sistema de avaliação individual em que o chefe avalia o subordinado e vice-versa. Como posso avaliar meu chefe sem me prejudicar? – Sandra
Basta você não tentar sugerir como seu chefe poderia fazer melhor o trabalho dele. Você deve avaliá-lo na relação direta dele com você. Se ele está orientando bem o seu trabalho, se é acessível quando você tem dúvidas, se conversa com você sobre seu desempenho (o tal feedback) e se lhe dá indicações de seu futuro em curto e médio prazo. E só. Procure manter um tom positivo e falar apenas o indispensável.
Minha empresa contratou uma consultoria. Em minhas conversas com os consultores, fui sincera e apontei falhas em minha área. Por isso, um consultor me pediu para fazer uma apresentação sobre o que relatei. Meu gerente estará presente. Não sei por onde começar. – C.S.S.
Não comece. Você só tem a perder. Agradeça e recuse. O consultor está usando você como boi de piranha.
Max Gehringer, na revista Época.
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25.8.08
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