"Foram desleais e infiéis com os seus antepassados...."
(Sl 78.57)
(Sl 78.57)
Os crentes davam certo porque eles eram crentes. Ou seja, chegavam à igreja no meio de todas as dificuldades, porque eram confrontados com uma clara mensagem evangelística, por meio da pregação, dos testemunhos e dos hinos. Não havia crentes por tradição, nem por adesão, mas apenas por conversão. Todos os evangélicos conheciam o "Plano de Salvação", pois haviam sido expostos ao mesmo, e respondido ao mesmo. Agora, se esperava que passassem a compartilhá-lo com os outros. A tônica era a conversão, o novo nascimento, a mudança, a transformação, a certeza da vida eterna, o confessar a Jesus Cristo "como único Senhor e Salvador", que culminava com o rito de "profissão de fé" ou "Confirmação", de forma pública.
No culto, eram comuns os apelos para que as pessoas "aceitassem a Cristo", ou que "se entregassem a Cristo", levantando a mão, ou vindo à frente. Igrejas organizavam semanas, cruzadas ou campanhas evangelísticas, geralmente com um orador convidado, e toda uma preparação e divulgação, com distribuição de convites e folhetos evangelísticos. Nos cultos, com freqüência, se incluía o testemunho de conversão de um irmão ou de uma irmã, sempre na tônica: "Eu era assim, Cristo me tornou assim".
Como todos os crentes conheciam o Plano de Salvação e se esperava que compartilhasse com os outros, toda a Igreja era uma Igreja de evangelistas. As famílias crentes eram estimuladas, ao final do dia, a celebrar em torno da mesa da última refeição, o seu "culto doméstico", dirigido pelo pai da família. Convidavam-se parentes e vizinhos. Se alguém se mudava para outra cidade, o culto doméstico e cultos evangelísticos nos lares, de iniciativa dos próprios leigos (como expressão do sacerdócio universal de todos os crentes) era o início de muitas novas Igrejas, "o Senhor ia acrescentando aqueles que eram salvos".
Com todos passando pela experiência de conversão, conhecendo o Plano de Salvação e se considerando um evangelista, os crentes davam certo...
Robinson Cavalcanti, bispo anglicano.
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5 comentários:
Só não falo que tenho saudades desse tempo pois trairei a minha idade ;)
Interessante, por falta de coragem para se repensarem, os crentes passam a idealizar o passado. Ele esqueceu de mecionar que "no tempo que os crentes davam certo" muita gente foi ferida pelo legalismo.
Que tal a falar da juventude roubada pelos caudilhos da fé que não deixaram que os jovens dançassem, cantassem "música do mundo", vissem futebol no domingo?
Não vou nem falar dessas experiências de "salvação"... Os novos convertidos, tinham que passar pelo crivo do "Conselho da igreja", que atestava os que foram salvos e os que ainda não podiam se batizar. As antigas classes de catecúmenos eram pavorosas.
Quem olha acriticamente para passado não tem projeto para o futuro.
José
Bem lembrado, José.
Infelizmente, algumas práticas que vc citou ainda fazem parte do presente de algumas comunidades.
Como diria Cazuza, "eu vejo o futuro repetir o passado".
Big abraço
Só mais um pitaco (ou pita-cão):
Pra quem conhece a história pessoal de Dom Robinson, sabe que não lhe falta coragem. E diferente do que acontecia naquela época, ele sempre atuou contra o legalismo.
O que está em jogo hoje em dia - é como bem resume aquela canção negro spiritual: Give me that old time religion, give me that old time religion ...
Apesar de todos os desgostos que os anos 60 a 80 trouxeram, há uma inquestionavel e saudável diferença, exatamente porque naquela época - como juventude - estávamos mais pertos da 'Fonte'. Já hoje em dia ...
meu contato com a obra de Dom Robinson é recente portanto não posso defender suas práticas de épocas mais longíquas como o Volnei falou, mas aparenta-me que esse texto está mais preocupado em defender uma postura teológica (leia-se evangelicalismo) em detrimento de outros movimentos que tem demonstrado força maior nos dias de hoje. Realmente é uma pena que a identificação dos evangélicos atualmente está ligada ao "cóspeu" ao invés de um comprometimento com a via crucis de Cristo, mas quanto a esse voltar as raízes tão apregoado quando acusa-se as igrejas de perderem sua identidade fico com a frase do José "Quem olha acriticamente para passado não tem projeto para o futuro."
abçs
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