Os colégios protestantes, e algumas de suas Igrejas, organizavam "sociedades literárias", onde se debatia obras da literatura brasileira, e onde se estimulava a produção de contos, poesias, e outros gêneros, pelos crentes locais. Havia uma preocupação em conhecer o vernáculo, os crentes eram estimulados a bem falar e escrever o português, bem como a terem a disciplina da leitura, visando uma elevação cultural.
Líderes com envergadura intelectual existiram desde o começo, não só entre os missionários, mas entre as primeiras gerações de brasileiros. Um fato curioso é que o primeiro pastor batista, Pr. Teixeira, e o primeiro pastor presbiteriano, Rev. José Manoel da Conceição, eram ex-padres católico romanos.
Álvaro Reis, Erasmo Braga, Eduardo Carlos Pereira, Miguel Rizzo, Benjamin de Morais Filho, no sudeste; Jerônimo Gueiros e Natanael Cortez, no nordeste, foram, dentre tantos, nomes por esse Brasil a fora que honraram as letras. Isso se refletia no respeito que a sociedade em geral nutria pelos mesmos, na influência cultural do protestantismo, e no nível do nosso púlpito (em conteúdo, forma e comunicação).
Quantas vezes fui (ainda estudante universitário) para a Igreja Batista da Capunga ouvir o Pr. Munguba Sobrinho, denominado de "o príncipe dos pregadores batistas"?
Os colégios, por seus Grêmios Estudantis, organizavam concursos de oratória. Os Seminários Teológicos "puxavam" pela homilética, quando o "sermão de prova" era um terror para os alunos...
Por muitos anos era costume incluir nos cultos a declamação de uma poesia, por pessoas dotadas desse dom de comunicação. Mário Barreto França, Myrthes Mathias e Gióia Júnior estavam entre os poetas favoritos daquelas gerações.
Nos tempos em que superficialidade pegava mal, e dizer abobrinhas queimava o filme do freguês, mas bem se lia, se escrevia e se falava; os crentes bem que davam certo...
Robinson Cavalcanti, bispo anglicano.
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3 comentários:
Essa época parece ter sido há séculos. O que vemos hoje são pregadores semi-analfabetos falando repetitivamente conceitos supostamente retirados da Bíblia. Como diz o título de um filme norte-americano: "Senhor, salva-nos dos teu seguidores".
A casa está caindo...o teto pesado pode esmagar todo mundo e ainda tem gente preocupada com a cômoda renascentista da vovó.
Pt. Julio,
O teto já caiu e está gravado na abertura do Zona da Reforma, postado mais acima ... ou no youtube.
Dom Robinson, favor não se esquecer do meu herói do momento, compulsoriamente escolhido por meus confrades (quem for ao youtube, entenderá). Trata-se do Rev. Otoniel Mota (1878-1951) professor de Literatura Luso-brasileira e de Filologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e membro da Academia Paulista de Letras. Foi ele o fundador-benemérito da AEB (Associação Evangélica Beneficente), que neste mês comemora 80 anos de existência!
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