Olhando as fotografias das primeiras Igrejas protestantes de missão no Brasil, se percebe uma maioria de homens. Era uma sociedade ainda patriarcal, de homens mais letrados e com mais tempo livre. Em situações de mudanças religiosas, há uma tendência de maior resistência por parte das mulheres. Por outro lado, os desdobramentos da ética protestante da santidade no mundo, pela ascese, o trabalho e a poupança teve um impacto dos mais significativos em um país escravocrata e aristocrata.
O alcoolismo, o tabagismo, a jogatina, as farras, os prostíbulos, a vida boêmia, onde se gastava o dinheiro e a saúde (da cirrose às, então, denominadas "doenças venéreas"), e se abalavam as relações familiares, eram deixadas para trás como algo "mundano", "da carne", "de satanás".
A nova religião ensinava o valor do estudo, do trabalho (inclusive o manual), os gastos responsáveis, a atenção à esposa e aos filhos, para que todos aderissem à mesma fé e fossem juntos para a Igreja ("eu e minha casa serviremos ao Senhor"), os cultos domésticos (inclusive evangelísticos).
O resultado, em nosso País, com as Igrejas históricas de missão, bem comprovou a tese de Max Weber. Houve uma mobilidade social, com cada geração sucessiva apresentando melhores níveis de escolaridade e classe social mais alta (inclusive com a ajuda das bolsas de estudo dos colégios protestantes). Reduzia-se a violência doméstica, com famílias mais ajustadas, maior dignidade da mulher, mantendo-se a liderança do homem.
Dentro das organizações internas das Igrejas as pessoas perdiam a timidez, e desenvolviam o associativismo e o espírito de liderança.
Essa ética favoreceu o surgimento da nova classe média e de uma classe trabalhadora qualificada, em um Brasil que se urbanizava.
A presença do protestantismo, pois, foi positivo para a família, para a saúde pública e para a economia. Era visível a diferença trazida por um Evangelho pessoal. Com mudanças existenciais como essa, os crentes davam certo...
Robinson Cavalcanti, bispo anglicano.
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