"Numa ditadura, uns poucos corruptos indicam quem vai mandar; na democracia, isso é feito por muitos incompetentes".
George Bernard Shaw
Não. Não me refiro a essas insignificâncias pomposas e mal-intencionadas que infernizaram nosso rádio e nossa TV durante as últimas semanas – em quem o povo teve de votar, obrigado, neste domingo. Dos resultados desta eleição, que os deuses e anjos nos protejam.
Quero falar de outra eleição, que ocorreu na semana passada, e cujos resultados estão sendo publicados hoje, neste jornal: os melhores de todos os tempos em que existiu o Prêmio Colunistas – quer dizer, os últimos 40 anos.
Fui colunista oficial, dos jornais O Globo e Jornal do Commercio, no Rio, basicamente na década de 80. Por isso, convidaram-me para fazer parte do júri que tentou pinçar os melhores entre os melhores nessas quatro décadas importantes para a propaganda e o marketing brasileiros.
Os resultados têm sentido, embora – como toda manifestação de preferências – cometam injustiças. Algumas delas tiveram a ver com outra escolha, feita há dez anos, dos melhores das três primeiras décadas, que tiraram da competição o nome de Carlito Maia, em quem eu votaria, de novo, para qualquer coisa a que fosse candidato. Outra foi o fato de que os competidores do Colunistas sempre tiveram de ser inscritos pelos pais ou responsáveis – o que tirou do páreo um comercial tão memorável quanto Bonita camisa, Fernandinho, criado pela Talent para a U.S.Top., que nunca foi inscrito...
Mas o vôo pelos anos entre 1967 e 2008 serviu como uma grande aula – para os colunistas mais moços – e uma instrutiva hora da saudade, para alguns que lá estavam desde as primeiras edições, como Armando Ferrentini (o pai do prêmio), Eloy Simões e Jomar Pereira. Lembramos de como era criativo o veículo rádio quando não existia a reboque da TV, veiculando as bizarras e, às vezes incompreensíveis, trilhas sonoras de filmes; agências e pessoas saudosas como a P. A. Nascimento, a Inter’Americana ou Umuarama, o Paulo Arthur, o Gerhard Wilda (é dele o leiaute de um dos outdoors premiados), Eric Nice, ou a própria Salles, ainda 100% brasileira...
Pena que não deu para votar, de alguma maneira, na Souza Cruz como anunciante do ano, agora que é proibido fazer propaganda de cigarro (em breve, só mencionar o assunto vai dar prisão) – pois quanta gente talentosa e amiga trabalhava por lá, naquele tempo. Tiveram a posteridade proibida.
Nas duas pontas do tempo, as escolhas de Alex Periscinoto e de Marcello Serpa, como publicitários das quatro décadas, destacaram a longeva presença desta extraordinária AlmapBBDO, fundada como Alcântara Machado Publicidade, em 1954, quando São Paulo fazia 400 anos. A outra grande vencedora, com justiça, foi a DPZ. O que seria da propaganda brasileira, se não fosse a DPZ?
Foi bom, também, rever o nome de Marcio Moreira – meio sumido nos últimos tempos – pois está nas nuvens da hierarquia macanniana, responsável pela gestão dos seus talentos criativos em todo o mundo. E a Christina Carvalho Pinto – e todos os outros. Estão de parabéns. Eleição assim é que é gostosa.
J. Roberto Whitaker Penteado, no Propaganda & Marketing.
Leia +
Nenhum comentário:
Postar um comentário