17.11.08

Max responde (37)

A empresa em que trabalho dá preferência à contratação de mulheres. E elas já ocupam a maioria dos cargos gerenciais. O que devo fazer, mudar de sexo? - M.L.

Desde 1952, quando Christine (ex-George) Jorgensen passou pela pioneira operação de mudança de sexo, muitos georges se bandearam para a ala das christines, e até hoje nenhum(a) apareceu para reclamar da troca. Portanto, essa pode ser uma opção também para nosso leitor M. (que aí adotaria a inicial F.). Incrível, também, é que a lei que proíbe a discriminação por sexo no trabalho tenha sido escrita pensando na proteção às mulheres e agora possa estar afetando os homens. Mas há um porém. Eu também já ouvi várias vezes a frase “Preferimos contratar mulheres”, ponto. Mas, se a frase continuasse, a seqüência não seria “porque elas são mulheres”, e sim “porque elas são mais eficientes”. Sempre entendi essa preferência de algumas empresas não como uma discriminação prévia em relação ao sexo, mas como uma decisão com base na competência demonstrada. Essa é uma nova realidade. A concorrência feminina não apenas aumentou de tamanho nos últimos anos, como também melhorou muito.

Num processo seletivo de que participei, um dos testes foi de grafologia. Sempre pensei que isso fosse diversão, e não ciência. – J.S.T.

Na verdade, a avaliação psicológica de uma pessoa através da maneira como ela desenha letras nunca foi uma diversão. Mas ainda não ganhou o status de ciência. As opiniões sobre a eficácia da análise grafológica divergem bastante, mas é bem maior o número de profissionais que duvidam de sua real utilidade. De modo geral, as empresas que usam o método em processos seletivos não o consideram eliminatório, preferindo tratá-lo como uma ferramenta analítica adicional. A dica para quem deparar com um teste assim é: escreva como sempre. Se você não sabe o que está sendo avaliado, não adianta mudar a letra.

Sou proprietária de uma loja de vestuário. Sou cuidadosa na seleção dos vendedores, mas o tempo que eles ficam no emprego é de 18 meses, se tanto. Ouço elogios a nosso bom ambiente, mas não consigo reter os funcionários. O que posso fazer? – J.P.

Uma pesquisa. Se você conversar com donos de lojas semelhantes à sua, verá que a situação é igual. Há três motivos para essa alta rotatividade. (1) Salário. Como não há grandes diferenças entre trabalhar numa loja e em outra, uma proposta para ganhar 5% a mais já é atrativa. (2) Pacote de remuneração. Uma empresa pode oferecer mais benefícios do que você, como assistência médica e odontológica. Seriam custos altos demais para seu negócio, mas que não arranham os balanços das empresas. E (3) carreira. Você não tem como acenar com oportunidades de longo prazo para seus vendedores, principalmente aqueles com melhor formação. Tudo isso cria a modalidade do emprego “por enquanto”. Não que isso vá deixá-la feliz da vida, mas os 18 meses que você mencionou se devem ao bom ambiente. Nas lojas que conheço, a média é bem menor.

O pior da crise já passou? – R.G.

Quem dera. Para entender a extensão da crise, é importante prestar atenção ao que nossos governantes dizem. E eles disseram, em ordem cronológica: (a) o Brasil está blindado; (b) pode ser que sejamos levemente afetados; (c) de fato, a crise é mundial e ninguém está livre dela. Nesse ritmo, lá pela letra (f), o discurso ficará indigesto. Se você está empregado, mostre resultados práticos. Seja o melhor entre seus pares. Não é uma garantia de que você manterá o emprego, mas reduz as chances de vir a ser um dos primeiros a perdê-lo se a crise insistir em ficar.

Max Gehringer, na revista Época.

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