O Barack Obama eleito acendeu as esperanças da comunidade internacional, e não há quem festeje sem razão - o fato só de existir vida após Bush já é merecedor do melhor champanhe. Quem, entretanto, tem as melhores razões para comemorar é o… norte-americano.
A unipolaridade dos Estados Unidos é um fato que desde a queda do muro a estatística não questiona – muito embora gente bem intencionada (confundido o ser com o dever-ser) fale em multipolaridade ou mesmo em pós-polaridade.
Ressentidos europeus se valem de uma “inflação teórica”, conferindo a América o epíteto de hiperpotência, o que garante a França e a Grã-Bretanha, pelo menos no plano da teoria, a manutenção do estatuto de grandes potências militares. Outros, embriagados pelo desenvolvimento de organizações internacionais e pela relevância que vem adquirindo o direito internacional na solução de controvérsias, discursam sobre um mundo pós-polar, em que o desequilíbrio de poder é um monstro sepultado em um passado bárbaro.
A unipolaridade dos americanos não é apenas inqüestionável como também possui uma extraordinária vocação para durar. É que a liderança militar e ideológica dos norte-americanos é sentida por todos os seus potenciais rivais (mesmo pela China), pelo menos no quadro atual e até onde é possível prever sem correr o risco de estar profetizando, como garantia da segurança e paz mundiais e do bom funcionamento da economia. Trocando em miúdos, a unipolaridade é pragmática e cumpre uma função econômica: manter o bom funcionamento do atual sistema de produção e distribuição de riquezas.
Ninguém, entretanto, manchou em um espaço tão curto de tempo o principal ativo dos Estados Unidos — sua credibilidade e liderança internacional — tanto quanto George W. Bush e sua má companhia, e aparentemente ninguém há melhor para limpá-lo que Barack Obama.
Mais do que um voto ideológico o americano depositou nas urnas um voto pragmático.
Alysson Amorim, no blog Amarelo Fosco.
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9.11.08
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