"Queremos livros que nos afetem como um desastre. Um livro deve ser como um machado diante de um mar congelado em nós.”
Kafka
Minha relação com a literatura não é (pelo menos não fundamentalmente) qual a da madame com seu colar de pérolas. Como Kafka, quero livros que me afetem “como um desastre”. Livros cujas palavras sejam o fôlego que conflagrarão criaturas interiores.
Uma metáfora quase perfeita para a literatura, esse machado kafkiano, perfurando a superfície sólida do “mar congelado” e abrindo a senda que leva ao abissal, a morada do assombroso.
O machado literário de Raskolnikov. Talvez Kafka pensasse em Dostoievski. Depois do machado no crânio da velha usurária nada seria como antes. O jovem Raskolnikov toparia com os monstros mais horrendos habitando seu próprio quintal.
Esse é o desastre que a literatura provoca em mim. O desastre da consciência.
Alysson Amorim, no blog Amarelo Fosco.
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Um comentário:
Alysson, sua pena é genial, sua alma sensível, seu pensamento instigante. Não sei se você transita entre os evangélicos.
Se sim, tome cuidado. Eles podem vampirar sua alma...
Aline.
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