14.3.09

Um canalha à prova do mestre Lacan

Minha gente e a minha não-gente, não se trata de um libelo contra a psicanálise (falo do falo do último post), muito menos contra os psicanalistas, tudo não passou de uma defesa dos que escutam os outros, daí os vira-latas como heróis da crônica. Chegou a hora de exaltar, na contramão do jogo, como os bichos escutam mais os homens do que o contrário. Apenas isso, o que não é nada pouco.

Se os analistas, inclusive os bons lacanianos, também escutam, lindo. A diferença, e isso não passa de um chiste, é que os cães não cobram e jamais viverão da miséria humana. É pouco?

Sim, com os vira-latas podemos pegar algumas pulgas e isso não é desconsiderável para quem já tem tantas coceiras no juízo, mas que diferença faz para quem já tem broncas-cachorras na existência?

Minha gata Déli, por exemplo, sabe quando estou ás vésperas do choro. Fica ali por perto e prepara o anti-bote, o pulo no colo para dar o abrigo a um homenzarrão que vai desabar daqui a pouco, desabou, fudeu, lá vem o cara a gastar as dores do mundo.

“E olhe que ele bebe, amigas,” conta a gata para las gatitas colegas no dia seguinte, olhe que é um homem protegido sob o escudo de um vício, porque um homem virtuoso de tudo é um fraco, só serve ao Kapital, a mais nada. “E mire que ama uma mina incrível”, completa a moça de quatro patas, “mas chorar não tem nada a ver com suposta felicidade”, completa o tanque das incompreensões gasolinosas.

Chorar é mais lá para dentro do mato e de todas as veredas possíveis, mas chorar para os céus não tem graça, daí ai pouco já estaremos lembrando de Deus e dos homens, não era isso o combinado, chorar é focinho, chorar é cachorro, no máximo um lobo de Jack London que estica a língua para la luna caliente em uma adivinhação do suposto divino e do fracasso.

Xico Sá

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