29.3.09

Um deus da religião e o Deus

Um deus é criado para se encaixar em um pacote de idéias de um determinado povo. Se uma nação depende da agricultura para sobreviver, logo o “deus da chuva” é importante para ela. E como uma coisa depende da outra cria-se uma história na qual o “deus do sol” faz amizade com o primeiro para explicar uma determinada safra em que a plantação foi fértil em dimensões fora do comum.

No passado criaram o deus Thor para explicar o trovão e as épocas de chuvas. Os índios adoraram esse mesmo deus, ao qual chamaram Tupã. Ora, em um país tropical, com chuvas regulares, é bem lógico crer num barulho estrondoso que aparece quase todos os dias do ano.

A única divindade que não serve para explicar nada, aliás é bem mais útil para criar paradoxos e confusões, é esse deus do cristianismo: Jesus. O Deus dos judeus ainda tem serventia para, metaforicamente, tentar explicar a criação do mundo. Mas Jesus é uma existência um tanto curiosa e essencial.

É muito fácil refutar a verdade por trás dos deuses que explicam os fenômenos naturais. A ciência já invalidou cada uma das lendas acerca deles. Do mesmo modo o saber científico, quase unanimemente, já desmereceu a interferência sobrenatural do Deus dos judeus no curso da humanidade.

O Deus do cristianismo é como a materialização de princípios universais acerca do amor, que é (era?) o principal foco da mensagem dessa religião.

Entretanto, esse mesmo Jesus que o cristianismo pregou se tornou um deus que perde pouco para o diabo em mesquinhagem disfarçada de adoração, maldade tachada de onipotência, vingança mascarada em justiça.

O mesmo deus que morreu numa cruz em favor de toda humanidade pode predestinar alguns para um sofrimento eterno desde a criação do mundo?

Aquele que aceitou a todos os gentios para o seu reino de amor pode impor-lhes jugos e maldições por ações que seus antecessores praticaram?

Se você acredita em um deus de graça e misericórdia, não pode acreditar no “soberano” criado pela religião, pois a divindade desta é mau e está mais a favor de ideais institucionais do que a favor do amor.

Esse post é parte da série Provocações.

Thiago Bomfim, na Livraria do Thiago.

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