16.8.08

Natureza morta

A fruteira sobre a mesa. Dentro, três frutas de cera: vermelha, verde e amarela. Ao redor, duas cadeiras, uma delas vazia. Pela janela, a montanha envelhecida. Mais além, o céu azul. No fundo do vale, duas linhas: uma curva, por onde corre o rio, outra reta, onde tem sempre um trem vindo em minha direção. O trem põe o focinho pra fora, rato imenso, furibundo, ciscando o chão com patas de ferro. Dentro da barriga do trem, um povaréu, o mundo inteiro, menos João. De tanto não vir, João pregou-me nesta paisagem feito um crucifixo.
Ivana Arruda Leite, no livro Ao homem que não me quis.
tela de Paul Cezanne

Leia +:

Nenhum comentário:

Blog Widget by LinkWithin