“Crianças são mensagens vivas que enviamos a um tempo que não viveremos.”
John W. Whitehead
Muitas pessoas acreditam, defendem e constituem famílias com muitos filhos. Outras, em movimento crescente, puxam o breque e conformam-se com um ou dois. E um novo e significativo contingente de casais pura e simplesmente decide não ter filhos. São os “casais dincs”.
Na internet, os adeptos de famílias grandes e através de blogs defendem suas posições e procuram estimular outros casais. Como é o caso de Heloisa Porto: “Desde pequena quando eu brincava de ‘mamãe’ eu invariavelmente tinha quatro filhos. O tempo passou, eu cresci, casei e tive quatro filhos... Ter quatro filhos para mim e para meu marido é muito natural, porque os vemos como um dom precioso de nosso matrimônio, uma contribuição enorme em nosso amor conjugal, uma graça especial de Deus para nós”. Outros casais, em tom de brincadeira, mas falando sério, justificam suas decisões como uma contribuição para o sustento dos mais velhos: “São nossos muitos filhos que atenuarão o ônus de todos dos custos da previdência...”.
Ainda agora, muitos se surpreendem com os dados revelados no estudo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – “Síntese dos Indicadores Sociais 2007”. Dentre todos, o que mais surpreendeu foi o espetacular crescimento dos “casais dincs” – double income and no children – casais sem filhos e com dupla fonte de renda: marido e mulher.
Em 1997 o número dos “casais dincs” era de 997 mil; agora, em 2007, um salto de 95%, para 1,942 milhão. Segundo o estudo, “os dincs cresceram devido à importância que esses casais passaram a dar à aquisição de atributos profissionais, que possam garantir melhores posições no mercado de trabalho”.
Os “dincs” encontram-se distribuídos por todo o Brasil, com uma concentração maior no Centro-Oeste, 4,27% dos casais. Vindo, na seqüência, o Sudeste, 3,79%, o Sul, 3,4%, o Norte, 2,99%, e o Nordeste, 2,25%. A maioria dos “dincs” está numa faixa de idade que não ultrapassa os 34 anos e, assim, isso não significa uma decisão definitiva. Mas, e pelos registros anteriores, apenas uma pequena parte deles reconsiderará essa decisão. Muitos desses casais optaram por animais de estimação ao invés de, ou enquanto não se decidem por ter filhos.
Falando ao Estadão sobre o assunto, a antropóloga Alinne Bonetti afirmou tratar-se de uma mudança de valores: “Quando falo em valores refiro-me à visão do mundo, à cultura... Há uma mudança no modelo da família mais tradicional, com pai, mãe e filhos, para outro mais individualista, como nos países mais desenvolvidos”. Já Jorge Forbes, psicanalista e psiquiatra, em artigo, disse: “Hoje é diferente.
Como no avião, onde se aconselha, em caso de despressurização, que primeiro os adultos ponham suas máscaras e só depois ajudem as crianças a colocarem as delas; os casais de agora primeiro tomam ar cuidando de suas vidas profissionais e construindo suas casas, para só depois pensarem em ter ou não filhos”.
Seu marketing plan considera os “dincs”?
Francisco A. Madia, no Propaganda & Marketing.
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Um comentário:
Eu desejo ter um filho, já tenho estabilidade no emprego, apartamento, só falta o marido. Estou esperando com paciência. Haja...rsrs
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