31.1.09

Lembra-te de Darwin

É assustador que, às vésperas do bicentenário do nascimento de Charles Darwin, pai da teoria da evolução, escolas brasileiras estejam ensinando criacionismo nas aulas de ciências. Já se sabia que as escolas adventistas fazem isso. A novidade é que o negócio está se propagando.

Em instituições tradicionais de São Paulo, como o Mackenzie, inventou-se até um método próprio para o ensino. "Antes, usávamos o material que havia disponível no mercado", explica um dos diretores da escola, Francisco Solano Portela Neto. O criacionismo é ensinado como ciência da pré-escola à 4ª série.

Não há problema em que o criacionismo seja dado nas aulas de religião, mas ensiná-lo em aulas de ciências é deseducador. Criacionismo é a explicação bíblica para a origem da vida. Diz que Deus criou tudo: o homem, a mulher, os animais, as plantas, há 6 000 anos. Quem estuda religião precisa saber disso. É uma fábula encantadora, mas não é ciência. É inaceitável que o criacionismo seja ensinado em biologia para explicar a origem das espécies.

Em biologia, vale o evolucionismo de Darwin, segundo o qual todos viemos de um ancestral comum, há bilhões de anos, e chegamos até aqui porque passamos no teste da seleção natural. É a melhor (e por acaso a mais bela) explicação que a ciência encontrou sobre a aventura humana na Terra.

Quem contrabandeia o criacionismo para as aulas de biologia diz que, em respeito à "liberdade de pensamento", está "mostrando os dois lados" aos alunos. Afinal, são escolas religiosas, confessionais, e os pais podem ter escolhido matricular seus filhos ali exatamente porque o criacionismo é visto como ciência. Pode ser, errar é livre, mas que embrutece não há dúvida.
Embrutece porque ensina o aluno, desde cedo, a confundir crença e superstição com razão e ciência. É desnecessário.

Que cientistas saem de escolas que embrulham o racional com o místico? Também é cascata, porque, fosse verdade, a turma estaria ensinando numerologia em matemática. Ensinaria alquimia em química, dizendo, em nome da "liberdade de pensamento", que é possível transformar zinco em ouro e encontrar o elixir da longa vida...

Há pouco, na Inglaterra, um reverendo anglicano defendeu o estudo do criacionismo na educação básica. Era diretor de educação da Royal Society. Queria colocar Deus no laboratório da escola. Cortaram-lhe o pescoço. A Suprema Corte americana já examinou o assunto. Mandou o criacionismo de volta às aulas de religião. No Brasil, terra do paradoxo, o atraso avança.

Darwin foi um gênio. Em seu tempo, não se sabia como as características hereditárias eram transmitidas de pai para filho. Nem que a Terra tem 4,5 bilhões de anos e que os continentes flutuam sobre o magma. No entanto, a teoria da evolução se encaixa à perfeição nas descobertas da genética, da datação radioativa, da geologia moderna. Só um cérebro poderosamente equipado, conjugado com muito estudo, pode ir tão longe. Confundido com criacionismo, Darwin parece um macaco tolo. É assustador.

André Petry, na Veja.

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8 comentários:

Cerestino disse...

Bom, o moço só esqueceu que na verdade, Darwin não era [e nem hoje é] assim tão aclamado pela sociedade científica, e sua teoria contém erros cruciais. Meu professor de Biologia, que é ateu professo, não acredita muito em Darwin, até zoa ele dizendo q ele tava velho, meio doido. Claro que não discorda totalmente, mas admite que o evolucionismo de Darwin contém erros cruciais.

Tem muitas coisas certas na teoria de Darwin, e as explicações dele serviram muito à ciência, muito mesmo.

Eu tenho minhas teorias próprias sobre o como Deus operou na criação do Universo. E, sinceramente, dizer que qualquer outra explicação para a existência de tudo que há, diferente da Cristã, que diz que um Deus infinito criou o que é finito, é certo, e belo é uma incoerência reprimida.

Anônimo disse...

O Petry é suspeito pois sempre vê tudo dos pressupostos da sua cosmovisão atéia.
Sua aversão ao invisível e espiritual é conhecida há muito e isto não é uma confrontação ao darwinismo e sim uma desconfiança da imparcialidade de análise do autor.

Anônimo disse...

Ele falou ali em descobertas genéticas. Será que ele sabe que o coordenador do projeto escreveu um livro falando de Deus?

Oswaldo Chirov disse...

André,

Lembra-te de dar fim

Lembra-te de dar fim nessa bobagem!

Você sabe o que são bilhões de anos?

Temos num estacionamento, aqui perto, um fusca 63. Pensando em vendê-lo por preço de raridade, uma vez que se encontrava em perfeito estado de conservação, seu dono o foi deixando ficar...

Apenas dois anos! Não milhões ou bilhões, apenas dois anos....

Não liga mais, a ferrugem tomou conta, pneus murchos, suspensão arriada...

Dia a dia acompanhamos a sua “evolução”. Aguardamos ansiosamente o “momento mágico” daqui a não sei quantos bilhões de anos em que a sua visível degeneração - não sabemos por que força ou poder extraordinários, uma vez que no seu delírio não existe um Criador ou Ser Superior – começará a ser revertida e, finalmente, ele se transformará num Porshe, ou quem sabe numa Ferrari...

Os evolucionistas escondem a impossibilidade de qualquer coisa abandonada à própria sorte não se deteriorar completamente na quantidade de zeros que colocam nos anos que passam... 4.500.000.000 de anos... O último cálculo que vi era de 6.000.000.000.

Parece que quanto mais zeros mais, mais possibilidades de algo abandonado à própria sorte melhorar sua condição inicial.

Está convidado a acompanhar a “evolução” do fusca... Faça sua própria agenda. Acompanhe-o semanalmente, mensalmente, ou venha vê-lo uma vez por ano.

Avise-me quando a sua visível deterioração começar a reverter sem a atuação de ninguém.

Não custa nada esperar, afinal o que são alguns bilhões de anos?

Abandone um bebê de 6 meses - não um simples ser unicelular, um protozoário -, mas um bebê completo, perfeito, bem formado, em uma praia deserta e acompanhe sua “evolução”... Algumas horas, poucos dias, e ficará evidente que nossa tendência é a deterioração, não evolução.

Por favor, leia nessa mesma revista (edição nr. 2094) a matéria “Biologia do envelhecimento”. O que muda no corpo com o tempo.

O autor mostra de forma fantástica “O que a idade nos cobra”, o que teria acontecido “Se a evolução tivesse sido diferente” e “Qual o resultado no nosso corpo”.

Quer dizer, a suposta “evolução” foi tão perfeita que qualquer pequena diferença na sua calibragem teria inviabilizado a nossa existência. A essa perfeição damos o nome de “Criador”, coisa que o autor não fez.
Se ainda tiver dúvidas leia na última edição da Revista NewScientist o texto de capa: DARWIN WAS WRONG – Cutting down the tree of life, detonando essa bobagem que você chama de “ciência”.
O artigo e o editorial explicam que Darwin estava errado com sua árvore filogenética da vida e apresenta comprovações que correspondem exatamente ao inverso da teoria evolutiva:
http://www.newscientist.com/article/mg20126921.600-why-darwin-was-wrong-about-the-tree-of-life.html?page=1

Anônimo disse...

Os evolucionistas ateístas nos criticam devido ao fato de crermos que Deus Criou o mundo e dizem, com razão, que não podemos provar isto cientificamente. O que eles parecem não ver (ou fingem não ver) é que suas teorias também são fundamentadas na fé.
Eles afrimam que tudo começou com o “Big Bang”. Esta explosão fantástica do NADA teria dado origem ao Universo e depois o tempo e o acaso se encarregaram de criar a vida animal e vegetal.
Ocorre que eles também não podem fazer o que exigem de nós criacionistas. Eles não podem provar cientificamente a tal explosão. E outra, eles não têm nenhuma prova cientifica, nem um único fóssil, da transição de um animal para o outro. Quando perguntamos o que explodiu as respostar são apenas suposições.
Quanto aos bilhões de anos, isto se deve ao fato de que sua teoria depende de muito tempo e acaso.
Por isso a sua “linguagem cientifica” esta repleta de “talvez” e “provavelmente”. Cientificamente falando (já que eles não podem provar a origem do universo e nem a evolução), em cima do nada eles construíram um edifico enorme e supostamente moderno.
Já que é pela fé, eu prefiro acreditar que Deus criou o universo e a vida no planeta Terra. Prefiro acreditar nas evidências de coisas narradas na Bíblia como, por exemplo, o dilúvio, pois ele deixou marcar em toda a superfície do planeta. Fé por fé, prefiro crer em um Deus pessoal a ter fé no talvez e no provavelmente. Tenho dito!

Anônimo disse...

Trecho tirado de um site evolucionista:(http://a-evolucao-de-darwin.weblog.com.pt/)

"
“Na América do Norte um urso negro foi observado por Hearne a nadar durante horas com a boca aberta ao máximo apanhando assim, como uma baleia, insectos na água. Mesmo num caso tão extremo quanto este, se o suprimento de insectos fosse constante, eu posso ver sem qualquer dificuldade uma raça de ursos tornar-se, pela selecção natural, cada vez mais aquática na sua estrutura e nos seus hábitos, com uma boca cada vez mais larga, até se produzir uma criatura tão monstruosa quanto uma baleia.”
(Charles Darwin, "A Origem das Espécies")

Talvez o leitor não encontre esta passagem na sua cópia da "Origem" (o blog espera que o leitor preparado tenha uma em casa). A discrepância tem uma razão simples: o trecho está na primeira edição, mas depois foi cortado por Darwin nas subsequentes. Fez muito bem em tirar tamanho disparate, afinal hoje todos sabemos que o ancestral das baleias mais parecia um lobo..."

HEHEHEHE, eles ficam consertando a própria teoria (que em ciência é aceita como verdade até ser contestada). Através deste pensamento de Darwin, que os próprios darwinistas atuais consideram um "tamanho disparate" e que ele mesmo publicou e depois retirou do livro, vemos o quão perturbado era ele.

juliana kramer disse...

Ontem li este artigo na Veja. Um amigo me apresentou com sarcarsmo, como se grande coisa fosse.
O tipo de fervor e entusiasmo espalhado por todo o texto é o mesmo tipo de sentimento que ateus e agnóstico chamariam de alienação e fundamentalismo, quando inseridos em textos cristãos.
Exsitem várias incoerências e falácias no texto de Petry. Já escrevi algo sobre muitas dessas incoerência:

http://agnonfabiano.blogspot.com/2008/08/falcia-do-tempo.html

http://agnonfabiano.blogspot.com/2008/05/no-o-que-voc-est-pensando.html

http://agnonfabiano.blogspot.com/2009/01/imposturas-intelectuais.html

http://agnonfabiano.blogspot.com/2008/12/por-agnon-fabiano-fico-surpreso-com-o.html

http://agnonfabiano.blogspot.com/2008/05/viver-confome-filosofia-naturalista.html

http://agnonfabiano.blogspot.com/2008/05/insegurana-da-teoria-evolutiva.html

Abraço.

http://agnonfabiano.blogspot.com/2008/07/reflexo-c-s-lewis.html

http://agnonfabiano.blogspot.com/2008/06/darwinismo-e-moralidade-s.html

Anônimo disse...

Um ótimo texto do C.S. Lewis:

Título: Teorias científicas

Será que já chegamos a esse ponto? Será que toda a vasta estrutura do naturalismo moderno está fundamentada não em evidências positivas, mas sim num preconceito metafísico a priori? Será que o seu objetivo não é apoiar os fatos, mas manter Deus de fora? Mesmo que a evolução, no sentido estritamente biológico, tenha algum fundamento melhor que esse [...] - e eu não consigo deixar de pensar que tenha -, precisaríamos distinguir a evolução, no sentido estrito, do que poderia ser chamado de evolucionismo universal do pensamento moderno. Por "evolucionismo" universal me refiro à crença de que há uma fórmula de processo universal que vai do imperfeito para o perfeito; dos pequenos começos para os grandes fins; do rudimentar para a coisa elaborada. É a crença que faz as pessoas acharem natural pensar que a moralidade é gerada por tabus selvagens; que sentimentos adultos [possam vir] de desajustes sexuais infantis, que a razão surja do instinto; a mente da matéria; o orgânico do inorgânico; o cosmos do caos. Esse, quem sabe, seja o hábito mais arraigado da mente no mundo contemporâneo. Esse pensamento me parece muito pouco plausível, porque torna todo o curso geral da natureza muito longe e distinto daquelas particularidades que podemos observar.

Retirado de The Weight of Glory (Peso de Glória)

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