A lei instaura o reino dos homens ao vaciná-los ainda que precariamente contra as animosidades, mas não pode instaurar o Reino de Deus. O trono é a um só tempo pressuposto e consequência da lei: ela invariavelmente nascerá de um e a ele retornará dando-lhe novo ânimo.
O que Deus faz ao instaurar seu Reino é esfacelar o próprio trono; esvaziá-lo em um ato de impensável ruptura, em uma derrota que entrará retumbante para as páginas da eternidade. Deus, o único invencível, derrota a si próprio e libera os homens para a liberdade.
Como a lei, a graça emana do trono, mas de um trono vazio e sem cetro, de um trono estranhamente convertido em Espírito. Se procuramos reconstruir o trono esfacelado e se aceitamos de bom grado que sacerdotes de todo gênero edifiquem essa monstruosa obra, devemos isso ao pecado, uma monumental ferida ontológica, uma síndrome de Estocolmo que romantiza nossos grilhões e interpreta como ameaça todo esforço libertário.
Ouçamos S. Paulo: “Cristo nos libertou, porém foi para que fôssemos livres que nos libertou” (Gl 5:1).
Alysson Amorim, no blog Amarelo fosco.
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29.3.09
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