Nenhum ponto final é mais definitivo que o anúncio da felicidade eterna. A vida só pode permanecer enquanto a felicidade for uma promessa distante ou uma arca perdida ou ainda uma assumida impossibilidade, como no poeta argentino Almafuerte, para quem “a felicidade humana não entrou nos desígnios de Deus”.
O suicídio da narrativa ocorre quando ela presenteia seus personagens com uma felicidade inalterável. Deus, ao talhar a pedra fria e soprar-lhe as narinas, fez a lança cair irresistível no peito de Abel.
As múltiplas variações do Éden, espiritualistas e materialistas, devem existir apenas como projetos ainda distantes ou objetos perdidos ou mentiras deslavadas. Se o projeto é definitivamente alcançado ou o objeto encontrado ou a mentira desbancada como um erro de interpretação, então o homem volta a ser uma eternamente feliz pedra fria.
Alysson Amorim, no blog Amarelo fosco.
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17.5.09
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